Rochas porosas de superfície, com características semelhantes às que contém petróleo no subsolo, são pesquisadas no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. As informações obtidas sobre as rochas superficiais poderão ajudar em estudos sobre a existência de jazidas de óleo e a viabilidade de sua exploração. O estudo do Laboratório de Espectroscopia de Alta Resolução (LEAR) do Grupo de Ressonância Magnética do IFSC adota a técnica de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), que servirá de ferramenta para identificar a porosidade e o tipo de petróleo que está sendo explorado.
Porosidade de rochas influencia nos custos para fazer extração de petróleo |
As rochas de petróleo armazenam o óleo em buracos (poros) em seu interior. Em alguns casos, há petróleo de boa qualidade, porém preso em uma rocha com poros muito pequenos. O gasto de energia para essa retirada do petróleo, por sua vez, será maior, encarecendo o preço do combustível. Portanto, algumas vezes, o custo da retirada não compensa o preço pelo qual o barril é vendido. “A técnica para retirada do petróleo não pode custar mais do que o preço do barril, senão não há lucro”, explica o engenheiro André Alves de Souza, que realiza a pesquisa.
Esses e outros motivos justificam a importância do estudo, direcionado para caracterização das rochas de reservatórios. O trabalho é mais voltado aos fluidos dentro das rochas porosas de superfície do que à rocha propriamente dita. Tais rochas, que tem comum com as rochas de petróleo, principalmente, a porosidade e permeabilidade, são ocas. Por isso, são saturadas com salmoura (água e sal), para deixá-las ainda mais parecidas com as rochas de petróleo.
“Podemos enchê-las com óleo, também, que imita o petróleo, mas o que nos importa é o óleo, e não a rocha”, aponta o engenheiro. “O tipo de rocha reservatório é que irá determinar se a extração em uma determinada jazida será economicamente viável ou não. Daí a importância em se estudar rochas porosas”.
Capacidade
A grande questão é como a medida de RMN possibilita que se conheça a rocha, ou seja, quanto de óleo cabe nela, o que informa, consequentemente, o quanto de partes vazias existe. “Isso me informa a capacidade da rocha de armazenar o petróleo”, explica Souza. ”No quesito porosidade, quanto mais permeável for a rocha, mais fácil será extrair o petróleo armazenado”.
Tais informações são úteis à indústria, que poderá usá-las para aprimorar técnicas de extração de petróleo já existentes ou, até mesmo, criar novas. Com dados sobre permeabilidade e porosidade das rochas de petróleo em mãos, o processo é simplificado e otimizado. “O resultado de minha tese é, justamente, uma melhoria do modelo já existente de RMN para a caracterização de rochas porosas”.
Ainda durante o doutorado, Souza realizou um estágio de cinco meses na empresa franco-americana Schlumberger, prestadora de serviços para campos de petróleo, atuando no Schlumberger-Doll Research, em Boston (Estados Unidos) o que trouxe mais estímulo e novas informações para a pesquisa. Após o estágio, o engenheiro foi efetivado, mas, dessa vez, para trabalhar no recém-inaugurado centro de pesquisas brasileiro da empresa, a Schlumberger Brasil Research and Geoengineering Center, sediado no Rio de Janeiro e focado na gestão de conhecimento sobre o pré-sal.
Embora não diretamente relacionada ao novo trabalho, a pesquisa de Souza no IFSC o auxilia em grande parte de suas tarefas. “Por meio da RMN, será possível extrair informações sobre as rochas de petróleo e sobre o próprio petróleo, o que poderá ajudar na montagem de um plano para exploração do combustível”, explica.
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