sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Terras raras estão em quase tudo, muita gente ainda não sabe 




Matéria-prima para indústrias de alta tecnologia, os elementos terras raras têm uma importância que costuma passar despercebida pelo público em geral. Para esclarecer de onde vêm esses benefícios, as geólogas Tássia Arraes e Cristina Ferreira, servidoras da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Setec/MCTI), apresentaram a palestra “Terras raras: o que você não teria se elas não existissem”, nesta quarta (17), na 9º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Distrito Federal.


“A demanda por esse grupo de 17 elementos químicos vem se intensificando devido à diversificação de seu uso”, disse Cristina. “Inúmeros produtos necessários à sociedade não existiriam hoje se não fosse pelas terras raras.” Ela citou a presença de elementos de nomes difíceis, como lantânio, neodímio, disprósio e európio em carros elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, filtros ultravioleta, lâmpadas fluorescentes, vibracall de celulares, equipamentos médicos e funcionalidades de telas LCD – como cores e touchscreen.

Apesar do nome, as terras raras podem ser encontradas em grande concentração na superfície do planeta, à frente de ouro e prata, por exemplo. “Esses elementos não são raros por não serem abundantes, mas em função da dificuldade de encontrá-los em alto grau de pureza e de separá-los um do outro, por causa de suas propriedades químicas e físicas”, explicou Tássia.

Retomada das pesquisas

De acordo com ela, a China concentra 35% das reservas e 97% da produção de terras raras no mundo, mas o Brasil tem história no segmento. “O país já dominou a produção e, até meados do século XX, exportava mantas incandescentes para lampiões a gás, que eram fabricadas com base na monazita extraída do litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.”

“Nos anos 1980, a China surgiu como um gigante no comércio de terras raras, tanto pelas reservas como pelo volume de produção de suas jazidas, e baixou o preço do minério exportado, desestimulando assim a extração em outros países”, recordou Tássia.

“A partir de 2010, porém, uma política de cotas chinesa elevou os preços internacionais dos minérios, fazendo com que os demais países com histórico de produção, como EUA, Austrália, Índia e Brasil, estimulassem a retomada de suas pesquisas, então abandonadas.”

Retomada da produção

Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Brasil tem hoje menos de 1% das reservas oficiais de terras raras no mundo. Mas, conforme as geólogas, tem grande potencial para voltar a ser um grande produtor. “A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) tem um programa que busca definir melhor essas reservas, justamente, para a gente conhecer o que temos no nosso território, com precisão”, revelou Tássia.

“Atento à conjuntura mundial, o MCTI tem priorizado desde 2010 ações de apoio ao desenvolvimento de pesquisa, melhoria de laboratórios e formação de pessoal na área”, disse Cristina. “A partir do momento em que a China baixou os preços, os outros países deixaram de estudar e investir. Ou seja, hoje, no Brasil, quando você procura um pesquisador que tem conhecimento em terras raras, ele está perto de se aposentar, sem falar nos laboratórios sucateados.”

Para as geólogas da Setec, o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCTI) é uma das vias pelas quais o governo federal busca a retomada da produção. “Até 1995, o Cetem esteve à frente dos estudos no País e, ainda hoje, concentra um grupo de pesquisadores que já atuou na área”, disse Tássia.
Fonte: Agência C&T

Nenhum comentário:

Postar um comentário