Novo material extrai urânio da água do mar
O novo material traz também esperanças para a reciclagem do lixo eletrônico, uma verdadeira mina de metais e outros elementos. |
mineração líquida
A mesclagem de um composto adsorvente com fibras de polietileno muito
finas resultou em um material capaz de extrair seletivamente metais
dissolvidos na água.
Os cientistas do Laboratório Nacional Oak Ridge, nos Estados Unidos,
testaram o material para extrair nada menos do que urânio da água do
mar.
O novo material, batizado de HiCap, superou largamente todos os
adsorventes existentes - adsorção é a retenção de moléculas, átomos ou
íons, por um material sólido.
Além de viabilizar essa "mineração líquida", os cientistas afirmam
que o material poderá ter aplicação na remoção de poluentes e metais
pesados de águas poluídas.
Urânio no mar
"Nós demonstramos que nossos adsorventes podem extrair de cinco a
sete vezes mais urânio, em uma velocidade sete vezes maior do que os
melhores adsorventes do mundo," disse Chris Janke, um dos inventores do
material.
Segundo ele, isso traz esperanças de alimentar reatores nucleares com urânio coletado a partir da água do mar.
Estima-se que haja 4,5 bilhões de toneladas de urânio dissolvidos na água do mar.
Embora a concentração do elemento nos oceanos seja de apenas 3,2
partes por bilhão, há urânio dissolvido suficiente para alimentar todos
os reatores nucleares do mundo por 6.500 anos - caso não sejam todos
desativados antes.
Adsorvente seletivo
O material é feito de fibras muito finas, resultando em áreas
superficiais muito grandes, o que é importante para entrar em contato
com o maior volume possível de água.
"Nosso adsorvente é feito submetendo as fibras de polietileno a uma
radiação ionizante, e então fazendo essas fibras pré-irradidas reagirem
com compostos químicos que têm uma forte afinidade com o metal que se
quer coletar," explicou Janke.
Após a coleta, o metal é retirado do adsorvente usando um método simples, de precipitação em solução ácida.
O material pode ser reutilizado, mediante um tratamento com hidróxido de potássio. Metais do mar e do lixo eletrônico
Nos testes, o material coletou 146 gramas de urânio por quilograma,
mas partindo de soluções bem mais concentradas do que a água do mar,
contendo 6 partes por milhão de urânio. O melhor resultado obtido
anteriormente era de 22 gramas por kg.
Pesquisadores de vários países trabalharam por décadas em busca de
tecnologias para extrair urânio da água do mar. Mas esta talvez ainda
não seja a solução ideal: os pesquisadores calcularam que 1 kg de urânio
extraído da água do mar por esse processo custaria US$660, cerca de
cinco vezes mais caro do que o mineral extraído das minas terrestres
convencionais.
Ainda assim, o material poderá ter outros usos. Mesmo não tendo sido testado especificamente para esse fim, o novo
material traz também novas esperanças para a reciclagem do lixo
eletrônico, uma verdadeira mina de metais e outros elementos, mas cuja
extração, a partir dos produtos eletrônicos descartados, ainda é
tecnicamente inviável.
Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica
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