terça-feira, 7 de agosto de 2012

Escassa em recursos naturais, Europa quer firmar acordo de mineração com a Groenlândia
Disputa por cinturão de ferro no país envolve interesses chineses, norte-americanos e europeus 
 



A escassez de commodities minerais na Europa, associada à elevada densidade populacional do continente, está levando a Comissão Europeia a procurar novos projetos de exploração de metais em regiões inexploradas do território da Groenlândia.


Embora seja conhecida por sua extração de gás natural e petróleo, essa inóspita área do Atlântico norte deve se deparar agora com uma disputa econômica direta entre companhias chinesas, norte-americanas e europeias pelo controle do que lideranças chamam de “diplomacia de matérias-primas”.


Dados divulgados pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) no último mês de julho revelam que as áreas de degelo na Groenlândia passaram de 40% de seu território para um percentual próximo dos 97%. Isso significa que zonas aonde a camada de gelo sobre reservas minerais chegava a 150 metros de espessura poderão ser exploradas com menor custo técnico.


Antonio Tajani, vice-presidente da Comissão Europeia, concedeu entrevista ao jornal britânico The Guardian e se mostrou otimista com o novo projeto de expansão econômica do bloco. O italiano prevê uma possível “corrida ao ouro” rumo a Groenlândia e alega que já está “trabalhando duro ao lado do primeiro-ministro Kuupik Kleist por um acordo de matérias-primas”.

Sob a perspectiva da Groenlândia, território autônomo do reino da Dinamarca, uma associação com europeus aliviaria as pressões de grupos indígenas que vivem em condição de pobreza e exclusão social. De acordo com Henrik Stendal, oficial do Departamento de Extração Mineral do Governo da Groenlândia, "o país gostaria de ter outras fontes de renda além da pesca e do turismo”. Por essa razão, considera esse possível acordo com a União Europeia uma “grande oportunidade”, capaz de ser conduzida de maneira “sensata” por ambas as partes.

Concorrência


Nada garante, contudo, que o acesso da União Europeia ao que Tajani chama de “mina de ouro” na Groenlândia esteja completamente livre. A companhia britânica London Mining, que possui participação chinesa, possui um dos projetos mais adiantados de exploração de metais na região. Ela é dona de todos os contratos para a extração de magnetita no cinturão de Isua, uma das plataformas geológicas mais ricas em minério de ferro do mundo.

Mais além, ainda que a Groenlândia seja uma tradicional aliada da diplomacia europeia, sua proximidade geográfica dos Estados Unidos e do Canadá preocupa Bruxelas. Mesmo com sua subordinação à monarquia dinamarquesa, nada garante a exclusividade dos interesses europeus na região.

No momento, há apenas um projeto do setor de mineração em atividade na Groenlândia, que está voltado especificamente para a extração de pepitas de ouro. Entretanto, 120 lotes do país estão passando por análises geológicas e cinco devem ser decretados minas muito em breve.

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