Mina á céu aberto, Caraíba |
Sérgio Fráguas, presidente executivo da Mineração Caraíba, aguarda há 90 dias a assinatura do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, do alvará da portaria de lavra para iniciar a exploração de nova jazida de cobre na área da mina, no norte da Bahia. A data final para incluir o projeto no orçamento de 2013 é 31 de dezembro. Se até lá o ministro não despachar, o projeto será adiado e a produção de cobre vai encolher 3 mil toneladas de cobre nos próximos doze meses. A mineradora comercializada concentrado de cobre no mercado doméstico.
"Isso é um teste de paciência", afirma Fráguas. Ele diz que a empresa depende de pequenos jazimentos e que toda sua estrutura é definida para otimizar os recursos minerários locais, mas agora está nas mãos da burocracia estatal que pode levar a empresa a suspender tudo. "Se não recebermos o alvará até o dia 31, vamos deixar de contratar 80 pessoas e ter que demitir 120, além de dispensar a Servitec, empresa de serviços, e reduzir o fornecimento de concentrado à Caraíba Metais. A reação é em cadeia", disse Fráguas ao Valor.
A Mineração Caraíba, com 40 anos de atividades, tem na Bahia duas jazidas de exploração do metal - uma subterrânea e outra a céu aberto, em exaustão. Para compensar a jazida em fase de esgotamento, a empresa está partindo para abertura de nova jazida pequena para manter a produção de cobre contido nas atuais 30 mil toneladas/ano.
Na avaliação de Fráguas, a decisão do governo de sustar a autorização de pesquisa mineral e de portaria de lavra às mineradoras até a entrada em vigor do novo marco regulatório da mineração, como admitiu o próprio ministro ao Valor, deveria ter algum critério.
"No nosso caso, vai faltar matéria-prima (minério de cobre) para fazer o concentrado e encaminhar à metalurgia", diz. O investimento ficará em torno de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões, mas pontua que mineração não se recupera do dia para a noite e fazer a abertura da nova mina é importante para a continuidade da produção local e da economia regional, hoje tomada pela seca.
Além das minas na Bahia, a Mineração Caraíba está se diversificando. No Mato Grosso, toca a mina de ouro de Nova Xavantina, um investimento de R$ 150 milhões que poderá estar à plena produção em janeiro de 2013. A mina é de porte médio, apta a extrair 110 quilos de ouro por mês, correspondente a 1 tonelada e 200 quilos de ouro por ano, ou 40 mil onças ao ano. Com a onça a US$ 1.600, Nova Xavantina pode faturar US$ 64 milhões, estima Fráguas.
Outro investimento novo é a mina de cobre de Boa Esperança, no Pará. "Vencemos a licitação para comprar os direitos minerários da Codelco no negócio. Vamos investir R$ 600 milhões para produzir 35 mil toneladas anuais de cobre". A mina já tem estudo de pré-viabilidade e licença ambiental prévia. "Estamos em processo de iniciar a implantação do projeto. Depende da licença de instalação a ser dada pelo órgão ambiental do Pará", informou o executivo.
Em 2006, a empresa passou por uma reorganização. Foi quando Fráguas, geólogo formado pela Universidade de Brasília (UNB), com 40 anos na mineração, deixou a Votorantim Metais para assumir a gestão da empresa. "Fui convidado pelos acionistas para dar uma 'sobrevida' à mineradora".
Este ano, mudou a composição societária do bloco de controle da companhia. O grupo Aurizônia vendeu suas ações (28,5%) para a gigante Glencore, que passou a ser parceira do grupo Anaconda e da Zinia Participações (grupos Icatu e BBM). Os três sócios detêm, cada um, um terço dos quase 90% do bloco de controle da mineradora.
fonte:Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário