quinta-feira, 31 de maio de 2012

Vistoria do Iphan revela túnel que pode fazer parte de mina de ouro explorada no século 19

Maurício Geraldo Vieira, secretário de Patrimônio de Congonhas, acredita que achado tem grande valor histórico (Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press)


Congonhas – Uma luz no início do túnel. Vistoria feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), divulgada ontem, mostra que a estrutura subterrânea encontrada no distrito de Alto Maranhão, a seis quilômetros da sede do município, pode ser de uma mina de ouro do século 19. O superintendente do órgão em Minas, Leonardo Barreto de Oliveira, informou que o trecho de duplicação – dois quilômetros – da rodovia MG-383, entre a BR-040 e São Brás do Suaçuí, na Região Central, vai continuar embargado, até que o contratador dos serviços, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/MG) apresente um estudo arqueológico sobre a área de atuação. Ele ressaltou que não foi pedido ao Iphan, segundo a legislação, uma licença para fazer os serviços.

O Ministério Público de Minas Gerais, via Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico, está investigando as condições do sítio arqueológico e pediu um laudo à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda considera a falta do licenciamento uma questão grave, já que a construtora continuou suas atividades numa região de importância, o que fere as leis. “No distrito de Alto Maranhão há muitas catas de ouro dos séculos 18 e 19 e vestígios arqueológicos de relevância. Um dos destaques é a Mina do Vemeeiro, que pertenceu ao Barão de Paraopeba. É necessário um trabalho amplo para Congonhas ter a sua carta arqueológica e preservar esses bens culturais”, afirma Marcos Paulo.

A vistoria do Iphan mostrou que se trata de uma estrutura importante”, disse Leonardo, afirmando que o DER e a construtora Cowan, responsável pela obra, terão que apresentar ao órgão federal um estudo arqueológico completo. “É um levantamento que não se faz rapidamente. Somente depois da avaliação pela nossa equipe é que poderemos decidir sobre a continuidade da duplicação neste trecho”, disse. A obra foi paralisada pela Prefeitura de Congonhas na manhã no dia 18, depois que o secretário do Patrimônio e presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico do município, Maurício Geraldo Vieira, recebeu a denúncia do “achado com potencial de interesse histórico e de preservação para sociedade”

 (Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press)

Curiosidade

Desde que a história do túnel veio à tona, há quase duas semanas, o distrito colonial de Alto Maranhão se tornou alvo de curiosidade. Quem passa na estrada não deixa de dar uma espiadinha. O fazendeiro Levi Vieira Pinto, de 65 anos, não se espantou muito, pois sabe que há muitos túneis na região e muitas história ligadas ao ciclo do ouro. “Aqui é tão antigo quanto a sede do município”, afirma. O técnico em segurança do trabalho, Luis Felipe Lobo, de 25, acredita que “se não é uma mina de ouro, é bem antigo”.

Moradora de Alto Maranhão, a estudante de eletromecânica Crislaine Herculando Cândido diz que se sentiu curiosa para ver a mina, mas está certa de que é preciso esperar pelos laudos. Ao seu lado, as amigas Jéssica Sarah, Sarah Rithiane e Cristiane Cândido, todas de 13, espicharam bem os olhos para dentro do buraco, mas não viram “nada brilhando”. Também com a curiosidade aguçada, o armador Geraldo de Oliveira, de 50, passou de moto e parou: “Quem me dera achar uma pepita de ouro”, brincou.

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