sábado, 8 de setembro de 2012

MBAC investe US$ 1,2 bi para explorar fosfato e terras-raras



Para atingir um nível de produção anual de 1,5 milhão de toneladas de superfosfato simples (SSP, um adubo à base de fósforo) até 2016, a MBAC Fertilizer - companhia canadense liderada por brasileiros - vai investir US$ 1,2 bilhão nos próximos anos no Brasil. O aporte ainda crescerá com a exploração de terras-raras (conjunto de dezessete elementos que, hoje, desafia mineradoras de todo o mundo).

São três os novos projetos da empresa localizados na região do Mapito (Maranhão, Piauí, Tocantins e parte da Bahia), a nova fronteira agrícola do País. Uma das plantas, a oeste de Minas Gerais, contempla a extração das terras-raras.

Trata-se da operação de Araxás (MG), onde estima-se que três milhões de toneladas de óxidos do tipo estão incrustados no solo, e com alto teor de pureza: acima de 5%. "Essa é uma das maiores reservas do mundo", afirmou ao DCI o presidente da MBAC, Roberto Busalto Belger - embora, depois, tenha reconhecido que, nesse mercado, "cada empresa anuncia que a sua mina é a maior".

E os anúncios têm acontecido com frequência mensal, segundo o executivo, que dirigiu a Bunge Fertilizantes e acumulou trinta anos de experiência nos segmentos de mineração e adubos.

"Há três anos, não se falava em terras-raras. Mas a China, que produzia e exportava 90% desses elementos, na expectativa de internalizar a própria tecnologia, cortou suas exportações. Então, o mundo todo passou a buscar novas fontes das matérias-primas", contextualizou Belger.

Quilos valem toneladas

As terras-raras destinam-se à fabricação de produtos tecnológicos, como telas de computador e catalisadores de combustão. "São essenciais para dois tipos de indústria: a de tecnologia verde e a de alta tecnologia, que demandam baixos volumes com alto valor agregado, isto é, quilos que valem toneladas", ilustrou Belger.

Uma "cesta-básica" contendo mil quilos de terras-raras vale, em média, US$ 50 mil. Entretanto, apenas um quilo de alguns desses elementos pode custar até mil dólares. "O mercado existe, mas não é tão grande. Tem potencial de crescimento porque abastece indústrias do presente e do futuro", definiu o especialista.
O desafio atual das empresas que trabalham com terras-raras, no Brasil, é separar o óxido da matéria-prima, ou seja, a purificação dos elementos. A indústria brasileira está convidando especialistas japoneses, coreanos e europeus para desenvolver a aplicação fabril das terras-raras, segundo Belger. "O problema não é o tamanho da reserva, mas o controle da tecnologia", explicou.

Questionado sobre o quanto a MBAC investirá em sua planta de terras-raras, lá em Araxás, Belger calou. "Existe um potencial de valor muito grande, e os investidores, sem dúvida, estão muito interessados nesse potencial", disse em seguida.

Terras fosfóreas

Nessa mesma mina - localizada no Triângulo Mineiro, ao lado da maior operação de fosfato da Vale -, a MBAC prepara terreno para também extrair, a partir de 2016, a matéria-prima do adubo SSP, cuja função é fazer raízes se prolongarem - algo de uso tipicamente brasileiro, em função dos tipos de solo encontrados no País.
Mas Belger não revela os números de tal projeto. Por outro lado, entra em detalhes a respeito das outras duas plantas de fosfato, ambas em fase de preparação, da companhia: em Arraias (TO) e Santana (PA).

Os negócios fazem parte de um amplo plano de investimentos: US$ 18,9 bilhões até 2016, liderados por Vale e Petrobrás, para desenvolver a cadeia brasileira de fertilizantes (que ainda depende, a nível de 70%, da importação de matérias-primas).

Em Arraias, a exploração das minas de fosfato começarão em novembro. "A terraplanagem já foi feita para a duplicação, entre 2016 e 2017, para chegar a uma extração de um milhão de toneladas por ano", acrescentou Belger. O investimento total previsto para a planta é de US$ 400 milhões.

Já em Santana, o volume de exploração anual deve chegar a 500 mil toneladas de fosfato no final de 2015, tendo recebido aportes de US$ 650 milhões. "A pureza do fosfato, em Santana, é praticamente o dobro do de Arraias", detalhou o chefe das operações. 400 mil toneladas de fertilizantes de alta concentração e 100 mil toneladas de sal mineral, para nutrição animal, também deverão ser extraídos anualmente do local.

"As regiões têm as mesmas características estratégicas: localizam-se na nova fronteira agrícola do Brasil e têm acesso ao Mato Grosso, que é o maior consumidor de fertilizantes do País."

Elemento K

A MBAC também passará a sondar, ainda neste ano, reservas de potássio em Anebá (AM).

Vale registrar que os principais macronutrientes utilizados na fabricação de fertilizantes (mais especificamente, nas formulações NPK, que são os adubos utilizados em larga escala) são nitrogênio, fósforo e potássio.
Declarado celeiro do mundo, o Brasil importa 92% do potássio e 50% do fosfato que consome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário