Surge outra onda de exploração: minerais como potássio e fosfato, além dos 17 elementos que compõem as chamadas terras-raras, ganham valor e status no mercado internacional
Nem tudo gira em torno da produção de ferro, ou ouro e zinco. Produtos da mineração e da metalurgia que Minas Gerais não tem a tradição de explorar, os metais das terras-raras, potássio e fosfato, que podem ser considerados as substâncias do futuro, ganham destaque na nova onda de inversões no estado até 2016. As terras-raras – bens nada raros no subsolo mineiro – entraram pela primeira vez na estatística das intenções de investimento ao longo dos próximos cinco anos, apurada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Serão US$ 3,1 bilhões para pesquisa e produção desse grupo de 17 elementos que compõem baterias de celulares, super ímãs e telas de computadores.
Dona das principais reservas de terras-raras no mundo, a China regula a oferta mundial, participando com 97% desse bolo. Projetos de fosfato e potássio também podem tornar o estado um produtor importante, que vai brigar com a indústria estrangeira. Há estimativas de que a indústria de fertilizantes contará com recursos no valor de US$ 18,9 bilhões no Brasil até 2017. O país depende das importações em mais de 90% das suas necessidades de potássio e em 75% das de fertilizantes à base de nitrogênio.
De um projeto modesto, inicialmente para produzir termopotássio em São Gotardo e Matutina, no Alto Paranaíba, a Verde Fertilizantes, subsidiária da companhia inglesa Verde Potash, definiu, este ano, um plano ambicioso para produzir cloreto de potássio, além do termopotássio. O presidente da companhia, controlada por brasileiros, Cristiano Veloso, lembra que a oferta mundial está concentrada nas mãos da russa Uralkali e da canadense Canpotex, dona da Potash Co., Agrium e Mosaic.
"Acreditamos que vamos transformar Minas Gerais num dos maiores polos produtores de cloreto de potássio. É um desafio de Davi contra Golias", diz o presidente da Verde Potash, afiado nos números do trabalho final de sondagens que indicaram um potencial superior ao esperado dos depósitos de rocha potássica. As pesquisas geológicas, iniciadas em 2008, indicaram reservas de 2,8 bilhões de toneladas de rochas conhecidas como verdete, com teor de 9% de óxido de potássio.
A Verde Fertilizantes prevê investimentos de R$ 6,06 bilhões até 2015 para uma produção de 1,196 milhão de toneladas anuais na primeira etapa. A reserva tem capacidade de ofertar 8 milhões de toneladas por ano, volume representativo frente às necessidades do Brasil para se tornar autossuficiente, de 9 milhões de toneladas anuais.
Na área do fosfato, há projetos de expansão em desenvolvimento na Vale Fertilizantes e no grupo Gavalni, este último em processo de definições da exploração de rochas fosfáticas em Serra do Salitre, no Alto Paranaíba. Na mesma região, Araxá é o alvo de investimentos da multinacional canadense do setor de fertilizantes MBAC e da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) para exploração das terras-raras.
PIONEIRISMO A CBMM anunciou em Minas que é a primeira empresa fora da China a desenvolver tecnologia para o processamento de quatro elementos das terras-raras: cério, lantânio, neodímio e praseodímio. A companhia, que opera a maior mina de nióbio do mundo, aplicou R$ 50 milhões na etapa inicial do projeto piloto, garantindo uma capacidade de processamento de até 3 mil toneladas por ano. Agora, está em negociação com interessados no produto. À época, o diretor-geral da CBMM, Tadeu Carneiro, disse ao Estado de Minas que o processo para se chegar ao óxido puro já tem tecnologia dominada.
O projeto da MBAC está estimado em investimentos iniciais de US$ 620 milhões. A empresa pretende iniciar a produção no primeiro trimestre de 2016, com a extração inicial de 120 mil toneladas por ano. Produzirá, ainda, fosfatos e nióbio. Os estudos preliminares apontaram 6,34 milhões de toneladas de recursos minerais com teor de 5% de óxidos totais das terras-raras. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, informou recentemente ao EM que a empresa descobriu terras-raras em Patrocínio, também no Alto Paranaíba. O projeto está sendo estudado, com a busca de um sócio.
Fonte: Estado de Minas
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