Em Minas Gerais, a mineração é uma das últimas fronteiras profissionais para as mulheres. O setor, que desde sempre foi dominado pelos homens, começa agora, mesmo que tardiamente, a se abrir para a eficiência e capacidade da mão-de-obra feminina.
Elas estão ampliando o seu espaço, principalmente, nas usinas de beneficiamento e nas áreas de solda. Há três anos, o percentual delas no quadro de funcionários nas mineradoras no Brasil ficava em 3% ou 4%, e quase nenhuma nas áreas operacionais. hoje, este percentual está em torno de 13%, e já é comum ver mulheres dirigindo caminhões fora-de-estrada ou no comando de grandes equipamentos.
Em Minas, temos até uma mulher comandando uma grande mineradora: Cynthia Carroll, que no ano passado assumiu a presidência da Anglo American. Na sua gestão, foi implementada a meta de que as mulheres perfaçam 25% dos trabalhadores.
No Projeto Minas-Rio, que compreende uma mina em Conceição do Mato Dentro, as mulheres já são 36% do quadro de pessoal e está prevista 300 novas contratações até o final de 2013.
"Em alguns cargos até preferimos mulheres. Na planta de beneficiamento e no trabalho com solda elas mostram uma precisão maior", afirma a gerente de Recursos Humanos e Administrativo da Pré-Operação do Projeto Minas-Rio, Claudiana Silva.
Na mina da CSN, em Congonhas, o percentual de mulheres subiu de 5% para 13% em cinco anos. Segundo a gerente de Recursos Humanos da empresa, Alba Valéria Santos, a procura de mulheres pelo programa de capacitação da empresa aumentou bastante. "Em 2008 elas não respondiam por 15%. Esse número triplicou e hoje elas são 45% das 1.500 pessoas que estão sendo capacitadas", dia.
A operadora de motoniveladora Ana Paula Martins Tavares, de 28 anos, participou do programa, sendo a primeira mulher a ser efetivada na área de infraestrutura da CSN. "Há algum tempo, as pessoas achavam minha profissão diferente. Agora ninguém assusta", diz.
As empresas também observam uma melhora do ambiente de trabalho com a presença de mulheres nas áreas de exploração. Segundo a coordenadora de Gestão de Pessoas da mineradora de ouro AngloGold Ashanti, Tamara de Faria, a presença da mulher traz mais leveza e diversidade à equipes de trabalho.
Nas áreas operacionais, a mudança é percebida até na rotina dos homens. De acordo com a gerente de RH da CSN, Alba Valéria Santos, o ambiente fica mais tranquilo, a linguagem nos rádios de comunicação menos agressiva e até os uniforme são melhor cuidados. Na AngloGold, 20% das mulheres ocupam cargos de liderança e 58% exercem atividades de nível superior. Uma delas é a hidrogeóloga Ana Katiuscia Souza, que coordena uma equipe de sete homens. "A sociedade está mudando, mas o desafio da mulher na mineração ainda é grande", afirma.
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