sexta-feira, 6 de julho de 2012


Acreditar sempre! JC o magnata da mineração, um grande empreendedor


Bilionário brasileiro diz que sua força vem do cosmo


“Estou ligado ao divino, a essas forças aí,” João Carlos Cavalcanti, magnata brasileiro da mineração, disse ao estender o braço em direção ao lago coberto de lírios que fica atrás de sua mansão de US$15 milhões.

Uma brisa suave balançou sua barba branca. Cavalcanti, parado em seu píer, fechou os olhos por um segundo. Uma empregada de uniforme, uma das 15 de sua equipe de funcionários, se aproximou discretamente com aperitivos e drinques não-alcoólicos. Ela sabia que não devia perturbar um homem que medita três horas por dia e que se considera uma pessoa “mística”, cuja força vem do “cosmo” – quando ele não está colecionando carros de luxo, pinturas refinadas e outros brinquedos.

 


Minutos depois, quando Cavalcanti subia a colina, atravessando seus jardins de inspiração tailandesa e indonésia e ornados com estátuas budistas, seu celular tocou. Era outro banqueiro ligando, este do Canadá, ansioso por fazer negócio com um dos mais novos bilionários brasileiros. Cavalcanti explicou que já tinha planos próprios de formar um “banco de mineração mundial” com a Merrill Lynch e levantar capital para projetos de exploração ao redor do mundo.

Essa é a vida do novo bilionário brasileiro – vida com a qual Cavalcanti sonhou desde os nove anos de idade e na época em que ele mergulhava em biografias de Henry Ford, John Jacob Astor e John D. Rockefeller.

Geólogo por formação, Cavalcanti – conhecido como J.C. – aplicou seus conhecimentos e considerável perspicácia na descoberta de reservas imensas de ferro e outros minérios. Hoje, ele possui um patrimônio líquido de US$ 1,2 bilhão, que o coloca entre os 20 homens mais ricos do Brasil. Antes do ano acabar, ele promete angariar US$ 1 bilhão em investimentos líquidos, valor que se juntará aos seus 39 carros, 10 casas e dois aviões.

Cavalcanti, 59 anos, pertence a um grupo emergente de mega-ricos no Brasil, cuja economia próspera deu ao País o terceiro lugar no crescimento do número de milionários no ano passado, atrás de Índia e China, segundo um estudo recente conduzido pela Merrill Lynch e Capgemini, uma grande consultoria. Ele está entre os novos ricos que se beneficiaram da alta de commodities como soja e minério de ferro.

O grupo também inclui Eike Batista, empresário do setor de minério e extração petrolífera, que tem patrimônio de US$ 6,6 bilhões, segundo a Forbes. Batista, que desistiu da faculdade e é ex-campeão em corridas de lancha, afirmou que se tornaria o homem mais rico do Brasil até o final do próximo ano.

Hoje, a lista de bilionários brasileiros ainda inclui banqueiros e industrialistas. O industrialista Antonio Ermírio de Moraes, presidente do Grupo Votorantim, que produz metais, papéis, cimento e eletricidade, é o homem mais rico da América do Sul, com uma fortuna estimada em US$ 10 bilhões.
Logo atrás dele está o banqueiro Joseph Safra, do Grupo Safra, um conglomerado de bancos e investimentos. A Forbes estima a fortuna de Safra em US$ 8,8 bilhões.

Não parecia muito provável que Cavalcanti, filho de um trabalhador ferroviário, se tornaria um bilionário. Ele passou a infância em uma casa rústica de dois quartos em Cacule, uma cidadezinha no Estado da Bahia. Aos 24, chegou à conclusão de que a Bahia era pequena demais para ele e foi trabalhar como consultor de uma firma alemã em São Paulo. Ele passava os domingos rodando vizinhanças de alto padrão, fotografando mansões no Morumbi e no Jardim Europa e admirando BMWs e Porsches nos showrooms.

“Sempre tive uma visão do que gostaria de ter,” disse ele.

Posteriormente, ele passou a prospectar minérios. Em 2003, o dinheiro para sustentar sua exploração estava se esgotando e ele resolveu vender uma casa de praia e um apartamento para levantar fundos. A aposta deu retorno em 2004, quando ele descobriu uma reserva imensa de ferro em seu Estado natal. Outros geólogos já haviam desistido da área; a gigantesca companhia de mineração Vale, proprietária de uma reserva nas proximidades, deixou o depósito de ferro passar despercebido, disse Cavalcanti.


Ele conta que descobriu a reserva quando dirigia pelo local à noite em uma caminhonete com tração nas quatro rodas e usando um mapa antigo de 1937. De acordo com publicações da indústria de mineração, Cavalcanti acabou vendendo a reserva, que contém pelo menos 1,8 bilhão de toneladas de ferro, a um minerador indiano, Pramod Agarwal, por cerca de US$ 360 milhões. Ele não contesta a história.

“J.C. nasceu empreendedor,” disse João César de Freitas Pinheiro, diretor-assistente do Departamento Nacional de Produção Mineral. “Ele tinha uma visão de que o mercado iria melhorar e esperou pelo momento certo para explorá-lo”.

Desde então Cavalcanti está celebrando. Ele disse que seus 39 carros, incluindo uma Ferrari, Maserati, Porsche e duas BMWs, valem cerca de US$ 1 milhão. Seu amor por carros também abarca alguns clássicos americanos, como a picape Ford de 1959, estacionada em sua residência na Bahia.



Atualmente, ele está negociando a compra de uma exclusiva Mercedes McLaren, no valor de US$ 1,4 milhão. (Apenas três brasileiros têm uma McLaren, ele disse, um deles sendo Batista).

Em dezembro passado, ele e sua mulher, Renilce, 55, se mudaram para uma casa que parece ter saído de “O Vento Levou.” Renilce exibiu sua coleção de obras de arte, estimada em US$ 3 milhões, que preenche três paredes de sua mansão com apenas pintores brasileiros, incluindo Ismael Nery e Flavio de Carvalho. O paisagista brasileiro Gilberto Elkis projetou os jardins esculturais da casa por US$ 1 milhão.

Cavalcanti recentemente comprou um Hawker 900 por US$ 15 milhões, com um alcance maior que o seu Learjet, para viagens sem paradas à Europa e aos Estados Unidos.



Filho de imigrantes, Cavalcanti disse que estava construindo uma casa na Toscana, de onde veio sua família. Esta será sua 11ª residência.

Mesmo com tanto luxo, Cavalcanti se descreve como uma alma disciplinada que abriu mão da vida de playboy há muito tempo em busca de uma existência profundamente espiritual. Ele não bebe nem fuma e descreve o futebol, paixão da maioria dos brasileiros, como “perda de tempo.” Ele também disse que detesta Carnaval, marca de Salvador.

Ele conheceu Renilce, em um casamento de família quando tinha apenas 12 anos. Ele e a mulher compartilham a paixão pelo estudo de gurus espirituais. A biblioteca de sua residência em Salvador está repleta de livros de autores como Joel S. Goldsmith, o cientista cristão americano.

Com sua barba grossa, cabelos brancos ondulados e seu hábito de falar com os olhos fechados, Cavalcanti parece se enquadrar na Nova Era. Em sua casa em Salvador, ele costuma meditar às três da manhã, sentado em uma cadeira budista no jardim com os braços estendidos ao som de músicas suaves. Às vezes seu gato Felicidade se junta a ele.


Cavalcanti e Renilce dizem que todos os seres vivos devem ser protegidos. Ele afirma ter rejeitado um negócio com um empresário de minério, em 2004, após o homem ter esmagado uma formiga com o punho em um restaurante de Salvador. “Disse que não queria mais fazer negócio com ele,” Cavalcanti conta. “Ele achou que eu fosse louco”.

Ele planeja se tornar um grande filantropo, como Warren Buffett e Bill e Melinda Gates. Os Cavalcanti têm uma fundação de proteção a animais abandonados, que conta com 2 mil cães e 500 gatos até agora. Cavalcanti também planeja construir um hospital para o tratamento de câncer infantil.

A despeito de seus bens materiais, ele disse que no fundo continua sendo um explorador. ele decidiu que era hora de retornar à mineração e sair em busca de mais depósitos minerais.

“Preciso descobrir novas reservas que irão gerar mais riquezas e empregos,” ele disse. “Preciso voltar às raízes de J.C. no País”, afirmou.
Fonte: Alexei Barrionuevo
Tradução: Amy Traduções

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