No século XXI a ficção científica vira realidade a cada dia que passa. Semana passada comentei na coluna Espaço Aberto sobre os planos da revista Playboy para criar um hotel orbital, como o mostrado no filme "2001: Uma Odisseia no Espaço". Esta semana a empresa Deep Space Industries anunciou seus planos de minerar os asteroides. O objetivo é extrair minérios valiosos desses corpos celestes e obter água para futuros projetos espaciais. A ideia de extrair minérios de outros corpos celestes já apareceu em vários filmes, como "Alien: O Oitavo Passageiro", onde a nave Nostromo rebocava uma refinaria, cheia de hidrocarbonetos extraídos de cometas e asteroides.
Até aqui o problema eram os custos. Mas com as novas tecnologias as riquezas do espaço sideral começam a se tornar acessíveis. Os planos iniciais da Deep Space Industries são modestos. Eles pretendem lançar uma série de três naves robôs, as Fireflies (vagalumes), que subirão ao espaço de carona, dentro de foguetes usados para orbitar satélites de comunicações. Uma vez no espaço, os fireflies acionarão seus motores iônicos e partirão ao encontro de asteroides próximos da Terra.
O objetivo será o reconhecimento desses corpos celestes, visando a futura mineração. O lançamento está previsto para 2015 e cada nave é baseada no desenho dos cubesats, satélites baratos usados para pesquisas universitárias. Os Firefly têm painéis para captar a energia solar, propulsores iônicos e um conjunto de sensores e câmeras compactas. Se as missões forem bem sucedidas a empresa vai lançar, em 2017, um conjunto de satélites maiores, os Dragonflies (libélulas), que vão ficar no espaço em missões que durarão de dois a quatro anos e voltarão para a Terra trazendo entre 60 a 150 libras de material dos asteroides.
O presidente da empresa, Rick Tumlinson, disse em entrevista ao site da CBS News, que sua empresa não depende de tecnologias inexistentes como elevadores espaciais, antigravidade ou motores de dobra espacial. Toda a exploração dos minérios do espaço poderá ser feita com a tecnologia atual de naves robôs e cápsulas não tripuladas. E ele já tem um concorrente no negócio, a empresa Planetary Resources Incorporated, fundada no ano passado. O objetivo da Planetary são os asteroides carregados com gelo, que pode ser convertido em combustível para naves espaciais, baixando assim os custos da exploração do espaço.
Valiosos
Como no caso da Deep Space Industries, as naves robôs da empresa também vão procurar por minérios valiosos, que poderão ser vendidos aqui na Terra. A ideia de minerar o espaço é muito antiga e passou a ser considerada, seriamente, na década de 1970. Pioneiros, como o físico Gerald K O´Neill, sonharam com enormes fábricas espaciais, na órbita da Terra. A ideia era extrair alumínio da Lua para construir cidades espaciais, como a do filme Ellysiun do diretor Neil Blonkamp.
Mas as agências espaciais dos Estados Unidos e da Rússia nunca tiveram dinheiro para colonizar a Lua. E a ideia das cidades espaciais ficou restrita aos livros de ficção científica.
Agora duas empresas americanas tentam retomar o conceito de uma forma mais realista, usando naves robotizadas no lugar de veículos tripulados. Se tudo der certo eles pretendem manufaturar produtos no espaço sideral, usando minifornos solares para derreter os minérios, e impressoras tridimensionais para dar forma aos produtos. Com uma operação totalmente robótica, não há custos para manter operários no espaço, o que implicaria em enormes hotéis orbitais e na criação de um ambiente para eles viverem.
A tecnologia para interceptar asteroides já foi testada com sucesso pela nave Near, da Nasa, que pousou no asteroide Eros e pela Hayabusa do Japão, que extraiu amostras do asteroide Itokawa.
Fonte: Diário do Vale
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